A caixinha de alabastro

Tenho mania de levar para minha sala de trabalho tudo que me faz lembrar pessoas que eu amo ou acontecimentos agradáveis. A aproximação com estes objetos me faz sentir em casa. E assim, toda vez que eu tenho que mudar de sala uma verdadeira mudança me aguarda, entre as bugigangas uma caixinha de alabastro é especial.

SCO, 42 anos, paciente do CAPS, portadora de esquizofrenia paranoide, perguntou-me certo dia:

Que utilidade teria aquela caixinha?  Brincando com a pergunta, disse que era para alguém levar as alianças, no dia do meu casamento – ela apertou a caixinha no peito, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.

– Tenho um vestido, cor de rosa, rodado e de renda, combina com a cor da caixinha;

Compreendendo a intenção, disse a ela – Teria enorme prazer em ter você como minha madrinha de aliança no dia do meu casamento. Porém esse dia pode demorar muito ou nunca chegar.

Ela me encarou com seus olhos grandes e insanos, abriu um sorriso enorme na sua face corada e gorda,

– Eu sempre quis ser madrinha de aliança, é a coisa mais linda que você poderia me oferecer.

Era tarde para eu dizer que tudo era brincadeira.

Desde esse dia ela entra na minha sala como de costume olha a fonte de água sobre a mesa, olha para caixinha e diz docemente:                  você precisa casar …

3 Respostas to “A caixinha de alabastro”

  1. Ronnie Shanti Says:

    Voce precisa casar, ……. para tudo se realizar, seja forte…… KKKK

  2. Ai fico imaginndo ela te dizer isto….e o tanto q ela te amaaaa!!!

  3. Amei. Muito consistente e alegre.

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